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Conceitos e características da pessoa com DI

Atualizado: 2 de set. de 2024

Fonte: Acervo Wix.


Conceito


O QUE É DEFICIÊNCIA INTELECTUAL?


Para responder a esse questionamento, buscou-se a American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais V (DSM V).  A AAIDD é uma organização americana com membros nos Estados Unidos e em mais de 50 países, que não possui fins lucrativos e apresenta o foco em DI e deficiências de desenvolvimento relacionadas. O DSM V é um manual, tanto diagnóstico quanto estatístico, produzido pela Associação Americana de Psiquiatria, é responsável por definir o diagnóstico de transtornos mentais. 


A AAIDD conceitua a DI como um tipo de variação caracterizada pelas limitações no funcionamento intelectual, que envolve a capacidade mental geral, como a aprendizagem, o raciocínio ou a resolução de problemas; e as limitações no comportamento adaptativo, que são as habilidades conceituais, sociais e práticas, presentes em atividades da vida diária. Essas características são originadas antes dos 22 anos de idade.


O DSM V define a DI como um transtorno que inicia no período do desenvolvimento e engloba déficits funcionais, intelectuais, adaptativos, domínios conceitual, social e prático, que consequentemente revela-se em fracasso em atingir padrões de desenvolvimento e socioculturais relacionado à autonomia e à responsabilidade social (APA, 2023).


A AAIDD e o DSM- 5 utilizam parâmetros de testes de inteligência para o conceito de DI. Sendo que ambos consideram a inteligência como uma habilidade mental geral, que envolve raciocínio para resolver, pensar e aprender. Ambos consideram a DI como um transtorno do desenvolvimento intelectual e, consequentemente, interfere em déficits funcionais, intelectuais e adaptativos, envolvendo os domínios conceituais, social e prático.


Características


QUAIS AS CARACTERÍSTICAS DA DI?


De acordo com a perspectiva da Teoria Histórico-Cultural, a DI é compreendida sob duas dimensões, a primária (biológica) e a secundária (histórica e cultural) (Vigotski, 2011; 2021; Vigotsky; Luria, 1996). 


Segundo o DSM-5 há características que são associadas às dificuldades inerentes à pessoa e apoiam ao diagnóstico da DI, são elas:


  • ao Juízo social e à avaliação de riscos; 

  • ao autocontrole do comportamento, emoções ou relações interpessoais; 

  • à motivação na escola ou nos ambientes de trabalho; 

  • à falta de habilidades de comunicação pode predispor a comportamentos disruptivos ou agressivos. 


São características individuais referentes à pessoa com DI:


  • Credulidade (envolve a ingenuidade). Nas situações sociais a pessoa com DI tem tendência a ser facilmente conduzida pelos outros. 

  • Falta de consciência sobre riscos que podem, consequentemente, resultar em exploração por outros e contribuir para vitimização, fraude, envolvimento criminal não intencional, falsas confissões e risco de abuso físico e sexual. 

  • Pessoas com DI e com transtornos mentais comórbidos apresentam risco de suicídio. Deve-se investigar os pensamentos suicidas no processo de avaliação de um diagnóstico. 

Prevalência

A DI apresenta uma prevalência geral na população de cerca de 1%, com variações em decorrência da idade. 

A prevalência de DI  grave é de cerca de 6 por 1.000.

 

Causas


POR QUE HÁ PESSOAS COM DI? 


Vigotski (1997) acredita que há dois tipos de DI: a que pode se manifestar em consequência de uma enfermidade, sendo que as características e classificações podem se alterar depois do tratamento da doença e, a que é causada por um defeito orgânico permanente, que trará atrasos ao desenvolvimento intelectual.


Guilhoto (2011) acredita que as causas da DI estão relacionadas aos fatores de risco pré-natais, perinatais e pós-natais. Podem ser causadas por síndromes, como a síndrome de Down e a síndrome do X Frágil, como também as síndromes de Rett, Angelman e Prader- Willi.


Há causas ambientais que, segundo Funayama (2011), podem resultar de infecções que ocorrem durante a gestação, como citomegalovírus, toxoplasmose e rubéola. Assim como os fatores do alcoolismo e tabagismo materno, automedicação e outras drogas, a contaminação por chumbo, a desnutrição e a exposição à radiação. No período que precede e sucede imediatamente o nascimento, como: doenças maternas, placentárias ou do próprio feto. A anóxia cerebral, outra causa da DI, pode ocorrer tanto no período perinatal ou neonatal. As malformações do feto, o parto em más condições ou prematuro também são condições que podem levar a DI. Além disso, há fatores adversos, como por exemplo: após o nascimento, como a negligência familiar, a falta de contato com os pais, cuidadores mal preparados, crianças por horas a fio na frente da televisão ou celular e superproteção familiar, principalmente com aqueles que nascem prematuros.


Segundo o DSM-5 há relação entre a DI e os fatores genéticos, como uma associação a uma síndrome genética, com mudança na aparência física característica (como na síndrome de Down), também há algumas síndromes que têm um fenótipo comportamental, que apresenta comportamentos específicos, característicos de determinado transtorno genético (como a síndrome de Lesch-Nyhan). Também ocorrem as formas adquiridas, por meio do aparecimento inesperado, que podem se apresentar em doenças como meningite ou encefalite ou traumatismo encefálico durante o período do desenvolvimento. A DI pode decorrer de perda de habilidades cognitivas previamente adquiridas, como em lesões cerebrais traumáticas, pode ser atribuído tanto diagnóstico de DI quanto o de um transtorno neurocognitivo.



Como diagnosticar a DI?


A DI pode ocorrer em qualquer raça e cultura. É necessário ter sensibilidade e conhecimento cultural durante a avaliação para o diagnóstico de DI, devendo ser considerados antecedentes étnicos, culturais e linguísticos individuais, assim como as experiências disponíveis e funcionamento adaptativo na comunidade.


Em relação ao gênero, indivíduos do sexo masculino, em geral, têm mais propensão do que os do sexo feminino para receber diagnóstico de formas moderadas (razão média masculino/feminino 1,6:1) e graves (razão média masculino/feminino 1,2:1) de DI. 


Os procedimentos de avaliação segundo o DSM-5 são:


  • Transtornos da comunicação;

  • Transtorno do espectro autista; 

  • Transtornos motores;

  • Transtornos sensoriais; 

  • Outros.


Para identificação de sintomas há informantes, como:


  • Irritabilidade;

  • Desregulação do humor;

  • Agressividade;

  • Problemas alimentares;

  • Problemas do sono;

  • Avaliação da função adaptativa em locais variados na comunidade;


Há transtornos mentais e do neurodesenvolvimento comórbidos mais comuns na DI, são:


  • Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade;

  • Transtornos depressivos e bipolar;

  • Transtornos de ansiedade;

  • Transtorno do espectro autista;

  • Transtorno do movimento estereotipado (com ou sem comportamento autolesivo);

  • Transtornos do controle de impulsos;

  • Transtorno neurocognitivo maior;

  • Transtorno depressivo maior pode ocorrer nos diferentes níveis de gravidade da DI;

  • Comportamento autolesivo que requer imediata atenção diagnóstica, podendo gerar um diagnóstico separado de transtorno do movimento estereotipado.

  • A DI mais grave pode também evidenciar agressividade e comportamentos disruptivos, inclusive causando danos a outros ou destruindo propriedades. 


Os transtornos estão descritos na CID-11 como uma metassíndrome que ocorre no período do desenvolvimento semelhante à demência ou ao transtorno neurocognitivo em fases posteriores da vida. 


O manual DSM-5 aborda três critérios para o diagnóstico:


a)    Déficits em funções intelectuais como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência confirmados tanto pela avaliação clínica quanto por testes de inteligência padronizados e individualizados.

b)    Déficits em funções adaptativas que resultam em fracasso para atingir padrões de desenvolvimento e socioculturais em relação a independência pessoal e responsabilidade social. Sem apoio continuado, os déficits de adaptação limitam o funcionamento em uma ou mais atividades diárias, como em casa, na escola, no local de trabalho e na comunidade.

c)    Início dos déficits intelectuais e adaptativos durante o período do desenvolvimento (APA, 2014, p. 33)  


Possibilidade de prevenção da DI 


  • Esclarecimentos sobre os fatores de risco, sobre o uso do álcool e de outras drogas na gravidez, automedicação, seguimento de pré-natal com qualidade, boa atenção perinatal e neonatal pelos municípios. 

  • Conscientização para a prevenção: que sejam desenvolvidas palestras nas escolas dos municípios para adolescentes, elucidando os fatores de risco, além de detectar famílias em risco genético alto de DI, para seguimento reprodutivo e médico, ao mesmo tempo em que relata que no Brasil faltam atendimentos nessa perspectiva, como os de aconselhamento genético.


Classificação do perfil cognitivo por meio da utilização de medidas do quociente de inteligência


A DI pode ser classificada quanto aos níveis de severidade que são: 


  • Leve;

  • Moderado;

  • Grave;

  • Profundo. 


Quanto a classificação do perfil cognitivo medida pelo quociente de inteligência: 


  • Leve (QI de 50 a 70); 

  • Moderado (QI de 35 a 50); 

  • Grave (QI de 20 a 35)

  • Profundo (QI abaixo de 20) (APA, 2014).


Confira os quadros abaixo retirados do DSM-5.


Quadro 1- Nível leve.

Fonte: APA (2021)- DSM-5, p. 78.



Quadro 2- Nível Moderado.

Fonte: APA (2021)- DSM-5, p. 79.



Quadro 3- Nível grave e profundo.

Fonte: APA (2021)- DSM-5, p. 80.



Referências bibliográficas:


AMERICAN ASSOCIATION ON INTELLECTUAL AND DEVELOPMENTAL DISABILITIES. Intellectual disability: definition, diagnosis, classification and systems of supports. (12ª ed.). AAIDD, 2021. Disponível em: https://aaidd.org/publications. Acesso em: 07 fev. 2024.

 

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5 Porto Alegre: Artmed, 2014. Disponível em: https://www.institutopebioetica.com.br. Acesso em: 07 fev. 2024.


FUNAYAMA, Carolina Araújo Rodrigues. Causas ambientais da Deficiência Intelectual. Revista de Deficiência Intelectual [online]. Ano 1. n. 1, p. 16-21, jul. / dez. 2011. Disponível em: https://ijc.org.br/pt-br/sobre-deficienciaintelectual/publicacoes/PublishingImages/revista-di/artigos_pdf/DI-N1.pdf. Acesso em: 06 jul. 2024.


GUILHOTO, Laura Maria de Figueiredo Ferreira. Aspectos Biológicos da Deficiência Intelectual. Revista de Deficiência Intelectual [online]. Ano 1, n.1, p. 11-15, jul. / 120 dez. 2011. Disponível em: https://ijc.org.br/pt-br/sobre-deficienciaintelectual/publicacoes/PublishingImages/revista-di/artigos_pdf/DI-N1.pdf. Acesso em 06 jun. 2024.


VIGOTSKI, L. S.. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria da Penha Villalobos. 10. ed. São Paulo: Ícone, 2006. p. 103-117. Disponível em: https://formacaodocente.wordpress.com/wp-content/uploads/2012/09/aprendizagem_e_desenvolvimento_intelectual_na_idade_escolar_texto_3.pdf. Acesso em: 16 jun. 2024.


VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas: fundamentos de defectologia. Madrid: Visor, 1997. v. 5. Disponível em: https://editora.unioeste.br/index.php?route=product/product&product_id=186. Acesso em: 01 jul. 2024.

 
 
 

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