Avaliação adequada ao aluno com DI
- Suellen Cruz
- 12 de ago. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de set. de 2024

Fonte: Acervo Wix.
Conceito de avaliação
Lunt (1995) conceitua a avaliação escolar como um processo importante, pois subsidia a análise do progresso da aprendizagem de cada aluno. Nesse sentido, a avaliação deve ocorrer de forma contínua durante o processo de ensino e aprendizagem.
Segundo o Ministério da Educação, por meio da nota técnica nº 06 (Brasil, 2011), a avaliação é parte integrante e inseparável do processo de ensino e aprendizagem, devendo:
Fazer parte do Projeto Político Pedagógico (PPP) de uma escola inclusiva deve ser entendida como um processo contínuo, no qual, são definidas e aprimoradas estratégias pedagógicas, considerando-se as especificidades de cada aluno;
Ser diversificada, tendo como objetivo o aprendizado, não a mera classificação, promoção ou retenção do aluno;
Propor na escola as estratégias que contribuirão para a construção coletiva do conhecimento, considerando todos os envolvidos no processo.
Utilização de avaliações funcionais e individualizadas
Antes de pensar em como avaliar o aluno com DI, deve-se considerar sua idade mental. Mantoan (1998) destaca que cada ser é único e é importante saber a idade mental do aluno com DI para planejar e direcionar a aprendizagem. Deve ser levada em consideração a representação dos papéis sociais, da cultura e das experiências correspondentes à idade do sujeito. Assim também, os indivíduos com idades cronológicas diferentes, mas com a mesma idade mental, não podem ser considerados com as mesmas características e as mesmas experiências de vida, pois as diferenças culturais, sociais, familiares e educacionais de cada um devem ser observadas.
Devido ao exposto, a avaliação adequada ao aluno com DI, aquela condizente com a proposta da educação inclusiva, no sentido de manter o respeito aos processos de aprendizagem do aluno, suas especificidades e no direcionamento do trabalho pedagógico. Acredita-se, dessa forma, que a avaliação deve ser: dinâmica, formativa, processual (Simone, 2022).
Levando-se em consideração o aluno com DI, deve-se respeitar seu potencial de aprendizagem, observar e acompanhar o que ele é capaz de realizar ainda com ajuda e que no futuro realizará de forma independente (Vigotski, 2006). Por meio de uma avaliação dinâmica, o professor consegue atender às necessidades específicas do aluno com DI (Simone, 2022).
Tipos de avaliações para os alunos com DI
Os tipos de avaliação devem ser conhecidos pelos professores. A partir disso, deve-se em parceria com os demais professores, construir propostas de avaliações para os estudantes com DI de forma personalizada, visando a promoção e a viabilização do processo educacional a fim de nortear a apresentação de novas possibilidades de avaliar e de acompanhar os alunos com DI. Os tipos de avaliação são:
Avaliação Diagnóstica
A avaliação diagnóstica geralmente é utilizada como um diagnóstico prévio no início do ano letivo a fim de realizar uma análise inicial da turma, com o objetivo de auxiliar os professores na tomada de decisão e a necessidade de ajustes nos seus planos de ensino. Os resultados provenientes desse levantamento do conhecimento prévio do aluno, ajudarão o docente na construção de ações, para auxiliar nas necessidades de abordagem do ensino em sala de aula (Masetto, 1997).
Segundo Haydt (2007), a partir da avaliação diagnóstica, é possível constatar o que o aluno já sabe e o que ele necessita aprender. Dessa forma, a avaliação diagnóstica pode ser feita por meio de diferentes instrumentos, mas devem pautar nas especificidades do aluno. Quando esse tipo de avaliação faz referência a um grupo, chama-se de prognose; quando é individual, chama-se de diagnose (Ballester et al., 2003).
Avaliação formativa
A avaliação formativa é empregada geralmente ao longo do semestre letivo para verificar se os alunos estão atingindo os objetivos de aprendizagem, se estão aprendendo o conteúdo e se alcançaram as habilidades e as competências esperadas (Simone, 2022).
O modelo de avaliação formativa é orientador tanto da prática docente quanto prática da aprendizagem, pois possibilita ao aluno analisar seus erros e acertos. E os resultados da avaliação podem contribuir com estratégias para o processo de ensino e aprendizagem (Ballester et al., 2003; Haydt, 2007).
Carvalho e Martinez (2005) acreditam que a avaliação formativa é responsável por levar alunos e professores a uma constante autoavaliação a fim de ajustar as estratégias de ensino e aprendizagem e, consequentemente, alcançar metas.
Avaliação Somativa
A avaliação somativa normalmente é realizada por meio de provas e/ou exames, aplicadas ao final de um período, que pode ser: bimestral, semestral ou anual. Esse modelo pretende classificar e selecionar os alunos de acordo com os níveis de aproveitamento (Simone, 2022).
Este modelo tende a reforçar o processo de classificação e seleção, gerando assim a exclusão e o direito à educação. Uma de suas características é não ser contínua, é utilizada para tomar decisões, como: promover, reprovar ou reenturmar os alunos (Zabala, 1998).
Diante do objetivo da avaliação somativa, torna-se eficiente utilizá-la na junção dos diferentes modelos, pois conforme Libâneo et al. (2008) é necessário avaliar, em variadas concepções, pois consequentemente reflete sobre o papel do professor e do que é realmente o conhecimento.
Avaliação e o aluno com DI
Tendo em vista os tipos de avaliação apresentadas, essa etapa do processo de ensino e aprendizagem de pessoas com DI, deve ser construído de acordo com a especificidade de cada aluno. Nesse sentido, a avaliação pode ser um instrumento que irá reconhecer as condições da aprendizagem do aluno (Lunt, 1995). Em outras palavras, o professor precisa identificar o que o aluno é capaz de fazer com ajuda ou sem ajuda, valorizando o que Vigotski (1997) chamou de zona de desenvolvimento potencial, que oferece condições para o planejamento da prática pedagógica docente, favorecendo assim, a inclusão escolar do aluno com DI.
Referências:
BALLESTER, Margarita. Avaliação como apoio à aprendizagem. Porto Alegre: Editora Artmed, 2003.
BRASIL. Nota Técnica nº 06/2011, MEC, SEESP/DPEE. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=17237-secadi-documento-subsidiario-2015&Itemid=30192. Acesso em: 10 jun. 2024.
CARVALHO, Lizete Maria Orquiza; MARTINEZ, Carmem Lídia Pires. Avaliação Formativa: A Auto-Avaliação do Aluno e a Auto formação de professores. Ciência & Educação, v. 11, n. 1, p. 133- 144, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ciedu/a/KM5pNgvBFLwHGCHsxdqwn6w/abstract/?lang=pt. Acesso em: 05 jun. 2024.
HAYDT, R. C. Avaliação do processo Ensino-Aprendizagem. São Paulo: Editora Ática: 6a ed., 2007.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez Editora, 6a Ed., 2008.
LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Maria da Penha Villalobos. 10. ed. São Paulo: Ícone, 2006. p. 103-117. Disponível em: https://www.unifal-mg.edu.br/humanizacao/wp-content/uploads/sites/14/2017/04/VIGOTSKI-Lev-Semenovitch-Linguagem-Desenvolvimento-e-Aprendizagem.pdf. Acesso em: 12 jun. 2024.
LUNT, I. A prática da avaliação. In: DANIELS, H. (Org.). Vygotsky em foco: pressupostos e desdobramentos. Campinas: Papirus, 1995.
MANTOAN, M. T. E. Educação escolar de deficientes mentais: problemas para a pesquisa e o desenvolvimento. Caderno Cedes, v. 19, n. 46, set. 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32621998000300009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 21 jun. 2024.
MASETTO, Marcos. Didática: A aula Como Centro. São Paulo: Editora FTD S. A,1997. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=4435245&forceview=1. Acesso em: 14 jun. 2024.
SIMONE, M. S. Guia Educacional: processos avaliativos destinados aos estudantes com deficiência intelectual. 2022. 206 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Educação Inclusiva – PROFEI) – Faculdade de Ciências e Tecnologias, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2022. Disponível em: https://bdtd.ibict.br/vufind/Record/UNSP_f2c2d1fec9e1f3c0c760d22b21dbc795. Acesso em: 16 jun. 2024.
VYGOTSKY, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 5.ed. São Paulo: Ed. Ícone, 1988a, p.103-17.
VYGOTSKI, L. S. Obras escogidas: fundamentos de defectologia. Madrid: Visor, 1997. v. 5. Disponível em: https://editora.unioeste.br/index.php?route=product/product&product_id=186. Acesso em: 16 jun. 2024.
ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: Como Ensinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 1998. https://www.ifmg.edu.br/ribeiraodasneves/noticias/vem-ai-o-iii-ifmg-debate/zabala-a-pratica-educativa.pdf. Acesso em: 15 jun. 2024.
Comments